Amor, tema inesgotável
Sempre fui romântica, apesar de minha pinta de durona. Adoro filmes de amor, histórias de amor com muito olho no olho, suspiros de tesão e todo ritual que acompanha uma relação a dois.
Porisso não poderia deixar de apreciar poemas de amor. E esse em especial, da poetisa Elisa Lucinda eu realmente caí de quatro. Essa mulher tem uma sensibilidade! Quando conheci seus poemas me rendi por completo pois ela fala de amor com todo o sentimento de mulher. E é claro, que nos identificamos por completo. Vai aí uma pequena dose de seu enorme talento e sensibilidade.
Sempre quis um amor
que falasse
que soubesse o que sentisse.
Sempre quis uma amor que elaborasse
Que quando dormisse
ressonasse confiança
no sopro do sono
e trouxesse beijo no clarão da amanhecice.
Sempre quis um amor
que coubesse no que me disse.
Sempre quis uma meninice
entre menino e senhor
uma cachorrice
onde tanto pudesse a sem-vergonhice do macho
quanto a sabedoria do sabedor.
Sempre quis um amor
cujo BOM DIA!
morasse na eternidade de encadear os tempos;
passado presente futuro
coisa da mesma embocadura sabor da mesma golada.
Sempre quis um amor
de goleadas cuja rede complexa
do pano de fundo dos seres não assustasse.
Sempre quis um amor
que não se incomodasse
quando a poesia da cama me levasse.
Sempre quis uma amor
que não se chateasse diante das diferenças.
Agora, diante da encomenda
metade de mim rasga afoita
o embrulho
e a outra metade é o futuro
de saber o segredo que enrola o laço,
é observar
o desenho do invólucro e compará-lo
com a calma da alma o seu conteúdo.
Contudo sempre quis um amor
que me coubesse futuro e me alternasse em menina e adulto
que ora eu fosse o fácil,
o sério e ora um doce mistério
que ora eu fosse medo-asneira
e ora eu fosse brincadeira ultra-sonografia do furor,
sempre quis um amor que sem tensa-corrida-de ocorresse.
Sempre quis um amor
que acontecesse sem esforço
sem medo da inspiração por ele acabar.
Sempre quis um amor
de abafar,(não o caso) mas cuja demora de ocaso
estivesse imensamente nas nossas mãos.
Sem senãos.
Sempre quis um amor
com definição de quero sem o lero-lero da falsa sedução.
Eu sempre disse não à constituição dos séculos
que diz que o "garantido" amor é a sua negação.
Sempre quis um amor
que gozasse e que pouco antes de chegar a esse céu se anunciasse.
Sempre quis um amor
que vivesse a felicidade sem reclamar dela ou disso.
Sempre quis um amor
não omisso e que suas estórias me contasse.
Ah, eu sempre quis uma amor que amasse.
Poesia extraída do livro "Eute amo e suas estréias", Editora Record - Rio de Janeiro, 1999,
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Ricardo - Dante