Algo parado na garganta

Amigos, até havia pensado em não comentar nada por aqui mas, sinto-me compelida a um desabafo. Final de semana passada, engrossei a estatística de vítimas de assalto.
Simplesmente entraram madrugada adentro, circularam livremente pela intimidade de meu lar entrando em quartos enquanto pessoas dormiam o sono dos justos após um dia de muito trabalho. Reviraram guarda-roupa, gavetas de cômoda, vasculharam bolsas, carteiras e, é claro, levaram pertences como se isso fosse a coisa mais natural do mundo. Só não levaram mais porque eu - que estraga prazer! - cismei de acordar justo nessa hora e acabei com a alegria deles!
Saldo da noite: uma TV plasma novinha, um DVD novinho, um celular velhinho (esse minha irmã até agradeceu pois assim ela compra outro) e alguns trocados.
O grande problema não é o que levaram. Isso a gente repõe. É para isso que trabalho. Mas o que tem me deixado com um gosto indigesto de algo que não me caiu bem até agora é justamente o fato da ousadia de invadir uma residência com todos dentro dormindo e simplemente...selecionar o que você tem de melhor em sua casa e, como num hipermercado, ir passando e dizendo:
- Isso eu quero.
- Isso eu levo
- Isso vai valer talvez uma ou duas pedras de crack...
Enfim, sou uma pessoa que foi criada como já dizia minha querida e sábia avó Maria, "às antigas". Ou seja: Tenha e ame o que lhe pertence. Jamais ouse espichar os olhos naquilo que é de outro. Se quiser igual, lute, trabalhe e adquira da forma correta e honesta. Meu pai mesmo falava sempre: "Nunca se deixe levar pela cobiça e, mesmo que esteja passando fome, frio, necessidades, peça. Jamais, em hipótese alguma roube de alguém. Mesmo que seja um grampo, um prego enferrujado. O homem de bem deve ter valores muito bem arraigados em si para poder andar de cabeça erguida. Esse era o lema de meu pai e sempre ouvindo ele falar isso, tomamos como conduta de vida para nós também. Lá em casa mesmo, já passamos por situações muito duras, penosas, difíceis mesmo e jamais quebramos ou violamos tais valores.
No entanto, hoje vemos diariamente casos e mais casos semelhantes e muitos recheados de violência. E então eu me pergunto: O que está acontecendo com a humanidade? O que está acontecendo com tais valores que sempre compreendi como corretos? Não sei...pra mim continuam sendo verdadeiros e não pretendo abrir mão deles. Mas confesso que gostaria muito de entender uma mente dessas. Vejam bem, não estou revoltada, não estou com raiva, muito menos com desejo de vingança com relação a esses indivíduos. Mas realmente gostaria de adentrar suas mentes e tomar conhecimento do que se passa em seu interior.
Enquanto não acho resposta para isso, eu e minha família vamos levando a vida tentando entrar no ritmo mas ainda com um gosto bem amargo na boca. É isso gente. Apenas um desabafo.

Comentários

Mírian Mondon disse…
Querida Roseli, obrigada pelo carinho, fico realmente feliz por voce ter gostado do poema, e foi voce com seu amor pela profissao que me inspirou a escrevê-lo, e a lembrar do meu proprio amor pela biblioteca que sempre fez parte da minha vida!

Abraços,
Anônimo disse…
Oi!

Compreendo esse sabor amargo e lamento o que vos sucedeu. Também não sei o que se passa na cabeça dessas pessoas, mas uma coisa é certa: não têm os mesmo valores que você. E porquê? Para saber, era necessário conhecer a história pessoal de cada um. Provavelmente, não teve uma mãe e um pai como você... não é certo o que fizeram, mas que parte de mim contribui para que hajam pessoas assim na sociedade? O que posso eu fazer para perceber e apoiar a transformação? São questões que me coloco e ainda não encontrei resposta certa. Quer ajudar-me a encontrar?

Daqui há pouco, tudo faz parte de uma lembrança. Sugiro que não se desgaste! No lugar da reacção deve estar a resposta, ao jeito de Osho. Conhece ele?
Roseli,

Ainda bem que nada aconteceu a você e sua família!
Os indivíduos que fizeram isso não valorizam nem a própria vida, melhor não tentar entender.
Você é uma pessoa de bem e será recompensada até pelos seus sentimentos com relação a eles.

Fique em paz!
Alcides
Daniel Savio disse…
Retribuindo a visita (e desculpa por demorar tanto)...

Interessante, pois você uni dois pontos de vistas distintos para a blogagem coletiva: educar as futuras gerações de forma que respeitem as mulheres, bem como a mulheres não dever ter uma posição passiva quando fora agredida, parabéns pelo texto.

Não sabia que o bibliotecario tinha uma área de atuação tão ampla, nossa, parabéns por informar um alienado (entender eu, hua, kkk, ha, ha, brincadeira com um fundo de verdade).

Uia, espero que todos da sua casa estejam bem, mas parecem que só foram os bem materias.

Fique com Deus, menina Roseli.
Um abraço.
Minha linda, eu te entendo perfeitamente. Eu tb seria revoltada. Mas olha, a coisa poderia ter sido pior. Imagina vc acordando e pegando eles com a mao no ouro? Vc bonitinha do jeito que é e sau irma também, eles nao ousaram tocar em vocês.

Fica feliz! Foi como vc escreveu:As coisas materiais a gente repoe.

Veja como foi que eles entraram. Pela porta da frente? Entao coloque o sistema de barra de ferro como antigamente. Duas travas de ferro em dada lado e uma barra de ferro no meio. Nao há ladrao que consiga entrar.

Beijos

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