Branco, branco e mais branco

A minha vontade de escrever era tanta, que de repente, após iniciar o curso da pós em criação literária, eis que me vejo travada até os ossos. Aliás, desconfio até que essa travada em minha coluna que venho sofrendo há duas semanas tenha a ver com isso. Céus literárius! Anjos inspiradores, deuses das letras, me acudam! Ultimamente sento-me para escrever e............
Entenderam? Nada! É um branco só, um vazio só. Nenhuma ideia me ocorre. E fica pior ainda quando na aula o professor passa lição de casa e , mais uma vez o que me resta é somente branco. O branco da página do caderno, o branco da página do Word no computador, o branco na tela de meu hardware que é o próprio cérebro. Puta que o pariu!!! Não tenho outra coisa para falar o tempo todo. Ah! E como se não bastasse, ainda tive a confirmação que estou desaprendendo a escrever de forma cursiva. É isso mesmo. A tal da tecnologia me fazendo desaprender coisas que levei uma vida inteira para aprender. Minha letra está de mal a pior. Médico fica com letra linda perto da minha. As vezes parece até um hieróglifo indecifrável. Ninguém entende e as vezes eu mesma também não. Outro dia dei muita risada na aula de roteiro de cinema quando o professor disse que é o cagaço que nos impede de escrever. Na hora achei engraçado mas depois, refletindo sobre a questão confesso que concordo com ele. Enquanto escrevia de forma quase irresponsável, não tendo a preocupação de me colocar como uma escritora de fato, as coisas fluiam maravilhosamente bem. A partir do momento em que decidi levar a coisa mais a sério, encarar uma possibilidade de fazer disso algo mais concreto e até mesmo pensando na possibilidade de publicar um livro, pronto. Meu castelo de cartas ruiu. E aí, vem a constatação de meu medo em ser criticada, avaliada, censurada e, acima de tudo, rejeitada enquanto escritora. Sou uma pessoa impulsiva e emotiva e isso se reflete também em meus escritos. Outro dia,conversando com um amigo que também escreve, falei-lhe sobre essa minha impulsividade e comentei sobre a sua forma quase artesanal de escrever. Acho isso lindo! Mas não consigo ser assim. Analisar a frase, escolher e experimentar várias palavras para que ela se encaixe como uma bela pedra preciosa em uma pulseira de ouro. Enfim, trabalhar feito um ourivez com elas. Não sei ser assim. Sei que preciso de um pouco de disciplina naquilo que escrevo. Mas não consigo me ver assim. Será que chegarei lá um dia? Talvez tenha que retornar às aulas de Hata Yoga para ver se consigo acalmar meu interior e quem sabe isso se reflita em meu raciocínio. Por enquanto sou puro vulcão em constante ebulição. Muitas ideias se soltando de meu interior, muitas histórias espirrando para fora mas ainda falta talvez o calor necessário para que se forme a larva que transborde e saia para fora arrebatando tudo e todos que apareçam pela frente. Enquanto isso não acontece, vou tentando assim como a terra, me acomodar. Estremecendo daqui, estrebuchando dali, tremendo nas bases de vez em quando e talvez um dia, encontre essa paz tão almejada. Ou não afinal, grandes autores que nos deixaram grandes obras também eram movidos por essa possessão, por esse comichão que nos devora interiormente. Humm, acho que após esse desabafo já me sinto mais calma. Afinal...gente olhe só o quanto consegui escrever só por aqui! Caraca!!! Não tô em crise não! Escrevi pra caralho!!!
Ôps!! Gente fina e letrada que me acompanha: Desculpa a empolgação dessa que lhes escreve. Vocês que me lêem há algum tempo sabem que não costumo usar tais termos em meus escritos certo? Mas foi preciso que isso acontecesse. Estava precisando de um descarrego literário como esse.

Comentários

Pedrita disse…
comigo as ideias ficam passando e se formulando, mas nem abro o computador pra escrever. beijos, pedrita
Douglas Ibanez disse…
Isso acontece e é simplesmente horrível!
Brancos me deixam completamente e desesperadamente irritado!
Mas passa.. é questão de esperar a inspiração.

Beijooo
E valeeeu pelo Selo.. já está postado lá.
=)
Memento Mori disse…
um exercício que costumo fazer, para melhorar a criatividade, é observar pessoas na rua e a partir de sua aparência, imaginar sua vida, seus parentes, relacionamentos amorosos e etc.
Lunna Guedes disse…
Eu tive meus momentos de branco e quando isso acontece, eu respiro fundo e vou caminhar, ouço uma música, bebo chá e deixo as coisas acontecerem lentamente. O branco e o vazio é parte do que somos. Esvazia a mente e se reinvente.
Escreva sobre coisas pessoais. Uma lembrança, uma saudade. Depois passe para outras coisas. Chore, intensamente. Depois dê muita risada. A gente escreve o que sente, mas o sentimento também se cansa. ai ai ai
Vou-me.
Bacio

Ps. Novamente me desculpe pela demora em responder seu email.
Ká Moraes disse…
Amoo ler, e adorei teu blog. Te sigo! Beijoo!
Bia Bernardi disse…
Deixa fluir!!
Os administradores chamam isso de "brainstorm", ou seja, "tempestade de idéias". Às vezes surgem idéias muito boas, outras nem tanto... Mas aos poucos a gente garimpa o ouro que encontrou e transforma aquilo em algo muito mais valioso doque quando encontramos. Viu só? Pra dizer que não conseguia escrever nada, escreveu um montão!
É assim que o mundo caminha!!! ;)
Bêju!

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