Quando o desencanto bate à nossa porta
(Imagem retirada do blogue Reflexos da alma)
Quando mais jovem não entendia o porque das pessoas caírem de amor um pelo outro, namorarem feito dois grudes, casarem com a estampa da felicidade nos semblantes e dali um tempo terminarem a relação banhados até a alma em rancor e mágoa.
Achava isso bem estranho!
Como que duas pessoas que se atraem física, intelectualmente e espiritualmente pode, de uma hora pra outra , adquirirem uma aversão absurda uma pela outra? Observei diversos casos na minha própria família.
Durante um bom tempo pensei comigo: Não quero isso pra mim! E foquei toda minha atenção e energia em meus estudos e profissão. Mas dificilmente alguém passa por essa vida sem se apaixonar por alguém.
E chegou minha vez.
Meu primeiro amor foi lindo de início. Como todos. Achava-o maravilhoso! Seu sorriso cativante, seu olhar de um verde que me transportava a um universo sem fim.
Era muito jovem e sem experiência alguma. Aquele sentimento crescia dia a dia e numa intensidade que me cegava diante dos fatos. Uma bela tarde ele chegou e disse que precisava conversar sério comigo.
Sentamos e olhando-me disse que gostava muito de mim mas precisava ser sincero sobre um assunto: ele era casado e tinha filhos. E não pensava em hipótese alguma abandonar a família.
Não tive reação de imediato. Fiquei olhando-o nos olhos sem dizer absolutamente nada. Acabou ficando sem graça com minha atitude até que num momento falou: Pelo amor de Deus! Fale algo! Esse silêncio é massacrante!
Após mais alguns minutos muda, falei que tudo bem.
Tudo bem? Como assim tudo bem? Você entendeu o que acabei de falar a você?
Sim, entendi e aceito como for melhor pra você.
Após esse dia, tivemos mais alguns momentos felizes juntos até que um dia bateu um pensamento reflexivo sobre o assunto. Pensei em meus pais sabendo disso. No quanto eles ficariam decepcionados comigo.
Pensei n esposa dele. Na tristeza e abatimento que ela teria ao saber dessa aventura dele fora do casamento. E por fim, pensei em mim e em meus sentimentos. Por mais que gostasse dele - e olha que gostava imensamente - não era isso que queria. Percebi que não seria capaz de ser feliz destruindo um lar que aparentemente era bom. Pelo menos era o que a esposa devia achar. Não. Viver de e na mentira não fazia meu estilo de vida. Num próximo encontro, falei que seria o último e que após isso não o veria nunca mais e que ele não insistisse comigo pois era uma decisão tomada e não voltaria atrás.
Olhou-me incrédulo. E sorrindo de forma sarcástica disse-me: Impossível isso. Você gosta demais de mim pra manter essa decisão até o fim. Tudo bem garota. Te dou um tempo pra pensar melhor e me procurar.
Essas palavras proferidas bateram em mim como um tapa.
Levantei e fui embora. Para sempre. Sofri muito, chorei noites a fio. Senti demais sua falta. No entanto, pela primeira vez compreendi que fui apenas mais uma conquista em sua vida. Outra coisa que percebi naquela tomada de decisão, era que, maior que meu amor por ele, maior era o meu amor por mim mesma. E que eu merecia muito mais que isso. Migalhas de um relacionamento.
Após anos sem se ver, um belo dia passeando por um shopping, ao parar pra olhar uma vitrine, percebi que chegou um casal e enquanto a mulher entrava na loja, o homem ficou do lado de fora.
E ficou bem ao meu lado também olhando a vitrine. De repente, falou ao meu ouvido: Até quando vai continuar longe de mim mantendo essa postura?
Anos se passaram mas reconheci de imediato sua voz. Gelei. Mas mantendo minha postura firme, saí silenciosamente e segui meu caminho. Ele continuava o mesmo. Mas eu mudara. Amadureci, Vivi outras experiências. E com o passar dos anos percebi que meu desencanto não tinha sido com ele. O desencanto foi comigo mesma que ingênua, achei na época que poderia segurar essa onda de ser a outra na vida dele.
Ao me dar conta disso, foi como se tivesse me libertado de um grilhão que arrastei por anos. É claro que após esse episódio, passei por inúmeros desencantos. Amorosos, profissionais, familiares. Mas também compreendi que faz parte da vida e de nosso crescimento pessoal. Mas de qualquer forma, esse ficou registrado em meus anais de vivência.
Esse texto faz parte da blogagem coletiva Amor aos Pedaços 2ª fase Desencanto promovida pelo blogue Luz de Luma, Yes Party
Comentários
Gostei de teu post, corajoso, sincero; parabéns.
Bom domingo e um beijo.
Tomou a decisão certa se afastando dele.
Como a vida é feita de encantos e desencantos, seguir é preciso.
Beijo e boa semana!
Muito bom se depoimento que nos remete ao desencanto e superação pela via do si mesmo atrvés do crescimento pessoal.
Parabéns pela forma espontânea e sincera de se colocar.
bjs
Volte sempre.
Gostei da sua postagem
Um abraço e uma boa semana
"Tu és o orvalho que me beija"...
(Meliss)
Em pleno período pascal nos reencontramos para tecer o nosso Desencanto... entrelaçar partilhas de coração a coração...
Pelo que li, vc foi a única que usou uma palavra bem de acordo com Desencanto: grilhões...
Santo Deus!!! É bíblico isso!!!
Grilhões nos "ferram" alma e coração...
É o puro Desencanto... mas que bom vc conseguiu a resiliência, se amou e se superou!!!
Fico feliz por VC...
Obrigada por sua participação e nos vemos no próximo mês se Deus quiser!!!
Bjs de Paz e Esperança junto com o meu carinho fraterno
"Meu coração orvalhado
pleno de gratidão,
agradece a Deus"...
(Élys)
A decepcao foi enorme. Na verdade ele nao conhece o Amor com "A" maiúsculo.
Eu teria lhe respondido com uma pergunta: Quando vc vai crescer, amadurecer e respeitar os sentimentos das pessoas?
Mas, isso nao importa. Creio que o teu silencio tenha falado muito mais alto que as palavras.
Um grande beijo
Bjs
É isso mesmo. O encantamento vindo somente de uma das partes em pouco tempo se transforma em desencanto. Pode denorar mas a gente aprende. Obrigada pela visita e comentário.
Bjs
Prazer em te receber por aqui. O importante em todas as situações difíceis é justamente a gente conseguir dar a volta por cima e aprender, amadurecer. Obrigada pela visita.
Bjs
Obrigada pela visita e comentário. A vida é exatamente assim: repleta de encantos/desencantos. É essa colcha de retalhos que nos tornam únicos.
Bjs
Gostei de sua observação sobre os grilhões. Realmente fui buscar essa palavra lá no fundo do baú. Mas ela remete a exatamente aquilo que senti. Gostei demais de participar dessa blogagem. Obrigada pela visita e comentário e vamos logo, logo pensando na próxima etapa.
Bjs
Bjs
Bjs
Beijo no ♥ !
só agora consegui chegar na sua participação. Lamento a demora.
Menina, adorei seu texto. Tão real, tão marcante, tão identico (em parte) a momentos da minha vida.
Sabe, eu já estive dos dois lados. Já fui a mulher enganada e sem saber, por um tempo, fui "a outra". Mas o ter sofrido antes a infidelidade conjugal, fez-me não aceitar ser "a outra". Então quando descobri que ele era casado e pai de filhos, saltei fora. O problema é que a mulher dele quis ficar minha amiga e passei de amante para confidente da mulher dele. Que coisa estranha!
Não aguentei. Tive de pular mesmo mesmo, fora de tudo aquilo. Nunca mais soube nada do casal.
Beijinhos além-mar para você.
Rute
Obrigada pela visita e fico feliz que tenha gostado desse espaço que não é meu. É nosso.
Bjs
Prazer te receber por aqui. Nossas histórias são parecidas mesmo. Mas que bom que saltamos fora antes que sofrêssemos mais.Obrigada por me visitar e volte sempre.
Bjs
Roseli, eu sei que estou atrasadinha... mas eu sempre chego!! :)
Bom fim de semana! Beijus,