Renascer. Sempre
Há duas semanas venho passando por um processo que costumo chamar de pré-parto. Alguns costumam chamar de inferno astral. Vivi momentos que passou da histeria gratuita a depressão total. Foram tantos altos e baixos emocionais que cheguei inclusive a ficar com a saúde debilitada. Perdi o apetite, não dormia direito. Estava sempre com um incômodo interior que não conseguia identificar. Outro dia, vindo pra casa após uma jornada exaustiva de trabalho, comecei a refletir sobre minha vida, o que tenho feito, o que tenho obtido dela e me veio uma forte vontade de chorar.
A princípio parecia choro de tristeza mas depois fui vendo que não. Era a emoção de sentir que viver sempre vale a pena e que sou uma abençoada por tudo o que vivi nesses quarenta e nove anos de vida. A constatação disso me assustou um pouco. Estou nesse mundão de meu Deus há quase meio século! Uau! E quantas histórias vivi nesse meio século! Posso dizer com toda a autoridade que, pesando na balança da vida, só tenho tido ganhos. Família linda, amigos que fiz durante toda minha existência, experiências que fui adquirindo, um pouco de sabedoria que ao longo dos anos fui aprimorando. Mas ainda me sinto aquela criança que fui um dia e que ainda procuro manter viva dentro de mim. Afinal, envelhecer é quando a gente perde de vez o contato com essa criança que um dia fomos. Envelhecer é quando abrimos mão de todo e qualquer sonho. Envelhecer é não ver mais beleza no mundo. E isso tudo ainda conservo intacto dentro de mim. Logo, aos quarenta e nove sinto-me mais jovem do que nunca! Cheia de energia, alegria, vontade de realizar muitos projetos e o melhor disso tudo: cheia de amor pra dar. E não digo amor carnal, físico que - diga-se de passagem, é bom demais! - mas falo de um amor que transcende tudo isso. Falo do amor incondicional pelas pessoas, pelas coisas, pela vida. Vida essa que é sempre uma grande benção. E feliz daquele que sabe disso e faz de sua vida um sacerdócio de amor por tudo. Outro dia lia uma reportagem da monja budista Cohen, no qual ela dizia que procura colocar amor nas mínimas atitudes desde lavar uma roupa, lavar um banheiro até se dedicar a ajuda humanitária. Pensei comigo: é exatamente isso o que penso também. Procuro fazer de meu cotidiano sempre um ato de amor. Então, ao enxugar minhas lágrimas dentro daquele ônibus, agradeci mais uma vez à Deus por ter me dado essa oportunidade de vida, por ter me dado essa família, por ter colocado em meu caminho todas as pessoas que conheci e as que ainda vou conhecer. Por ter me encaminhado para essa profissão que tanto prazer e conhecimento me dá. Pelo coração pulsando incessantemente.
Brindo à todos com um trecho de um artigo que li da monja Cohen que gostei demais:
Um antigo provérbio japonês:
"Se houver relacionamento, faço; se não houver relacionamento, saio".
Um Mestre Zen, no final do século passado, fez a seguinte alteração nesse provérbio:
"Havendo relacionamento, faço; não havendo, crio relacionamento".
Namastê!
Comentários
Espero qu tudo se acerte por aí ;) Dois abraços.
Vc fez muito bem em comecar a agradecer. Esse é o caminho.
Um grande abracos e feliz ano novo, rs.