Eita que fogo na bacurinha!



Acordei inspirada após quase dez horas de sono. Como já faz tempo que não falo sobre minhas leituras, decidi escrever um pouco sobre um livro que há tempos ouvi falar e anotei para futura leitura. Na semana passada resolvi que iria comprar e, gente, li em poucas horas!
Decidi falar sobre ele porque, embalada por essa epidemia que está sendo as leituras eróticas, nada como ler um livro de - nada mais nada menos -  que Pedro Almodóvar.
Para quem ainda não sabe, além de excelente e genial roteirista e diretor de cinema, também viajou pelas ondas da literatura. Como toda obra de Almodóvar, o livro é trabalhado dentro do universo feminino. Sempre com personagens incomuns e, ao mesmo tempo, tão comuns, nos leva a uma Madri que literalmente pega fogo.
Raimunda, Eulália, Katy, Diana e Lupe. Mulheres com perfis diferenciados, idades variadas e personalidades idem nos pegam pela mão e transportam para histórias pra lá de deliciosas.
Todas elas têm em comum, o senhor Ming e sua fábrica de absorventes.
O gostoso de se ver nos filmes e de se ler nos contos, é justamente a força visual que Almodóvar dá às suas mulheres. Ele trabalha e nos escancara a realidade delas: donas de casa enfadadas com sua rotina pesada e sem graça, mulheres que passaram uma vida inteira preservando sua virgindade e que, ao chegar aos setenta anos, deseja recuperar sua juventude e sexualidade. Mulheres que optaram pela homossexualidade. Mulheres que largam o hábito para se jogarem na vida. Enfim, um verdadeiro mosaico de personalidades botando em xeque suas vidas, enfrentando seus demônios interiores, se jogando nas experiências sentimentais e sexuais. Tudo isso regado a muito humor - algumas vezes negro - , muita sacanagem - da boa e com uma leveza que só mesmo esse gênio espanhol poderia fazer.
Concordo com a Julieta Jacob, do blogue Vaca Tussa que disse que esse livro daria um bom filme. Vou mais além: Almodóvar com certeza já utilizou algumas pinceladas das personagens em seus muitos filmes. Mas que esse livro daria una boa película, ah! isso daria sim!
Só que falo, falo, falo e não disse ainda o nome do livro: Fogo nas entranhas, da editora Dantes. O livro na publicação brasileira ainda se enriquece mais com o prefácio de Regina Casé com o título: Calor na bacurinha. Hilário!

Sinopse:

"O demônio caminha em linha reta e evitar as retas é uma forma de debochar dos demônios" 
(provérbio chinês)

Abandonado pelas cinco amantes, um chinês, magnata da indústria de absorventes femininos, prepara um diabólico plano de vingança. A praga é das boas. Deixa a mulherada e toda Madri de pernas para o ar. Literalmente, isso é Fogo nas Entranhas.
Pulp Fiction da melhor qualidade, a narrativa mistura sexo, feminismo, espionagem e assassinatos. Tudo é repugnante, hilário, vertiginoso e contundente. ´E genial, trata-se de Pedro Almodóvar.
Leia essa história como se fosse um filme, vire a página desta fotonovela ou HQ. As cenas saltam aos olhos.
Pedro Almodóvar estreiou em 1981 na literatura com esse livro.


Comentários

edilene disse…
Desde que chegou em casa pelo correio este livro despertou meu interesse,principalmentebpor já trazer na arte da capa as cores quentes e sempre presentes da obra de Almodóvar,ainda não li,mas coo estou em repouso me recuperando de duas sérias cirurgias,tenho certeza que este livro tornará este período menos enfadonho
Jô Bibas disse…
Me deu vontade de ler, fã dos filmes do Almodóvar que sou. Vou procurar.
Bom domingo,

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