Se locomover pela cidade: difícil e quase impossível tarefa
Hoje vou falar um pouco de algo que tenho observado e até presenciado não como simples expectadora, mas como atriz principal ou no máximo, co-adjuvante. Tem coisas que na vida, só mesmo passando por elas é que aprendemos a ter uma visão real. Desde que minha irmã ficou com problemas de saúde e teve que utilizar bengala a princípio, depois andador e agora cadeira de rodas, sua vida ficou bem complicada na cidade. E,como acompanhante dela nessas incursões, tenho constatado o quanto a cidade e a sociedade está longe de estar preparados para conviver com o deficiente físico. As pessoas, já tenho observado de longa data que - ou por preconceitos ou pura falta de informação - não sabem nem querem conviver com pessoas nessas condições. A impaciência impera nas estações de metrô, ônibus, restaurantes, cinemas e por aí vai. Pessoas que, ao nos ver se aproximando, saem de perto, desviam os olhos, fingem que o deficiente físico não existe. Outras vezes, fazem questão de expressar sua repugnância fazendo caretas, revirando os olhos numa atitude mesquinha, arrogante e nada humana para com seu semelhante. Esquecem que hoje estão bem, mas que amanhã ou depois,suas vidas podem sofrer grandes reviravoltas e acordarem nessa mesma situação. Outro dia, num ônibus, minha irmã, já deficiente, teve de ouvir do motorista que aquela hora não era mais horário de velhos e aleijados andarem pelas ruas atrapalhando as pessoas "normais".
Quanta ignorância!
Ontem, fui acompanhar minha irmã até a garagem de uma empresa de ônibus para ela renovar sua carteirinha que lhe dá direito a utilizar os transportes de forma gratuita.Confesso que foi uma experiência dura, difícil, cansativa e...Revoltante!
A cidade definitivamente não está preparada para receber e conviver com cadeirantes! O sufoco que foi eu empurrar a cadeira de rodas por calçadas esburacadas, buscar por rebaixamentos que quase não existem e o pior, quando existe, é muito mal feito como esse exemplo que fiz questão de fotografar.
Rua Franz Voegeli próximo ao Cia Municipal de Transportes de Osasco e Shopping União
Confesso que retornei a minha casa muito triste por constatar o quanto os deficientes físicos sofrem não só nessa, mas na maioria das cidades aqui no Brasil. Está na hora de se conscientizar e exigir dos orgãos competentes, a adequação das vias públicas para o deficiente físico.
A coisa boa do dia: Costumamos ressaltar as coisas negativas e acabamos por esquecer das coisas boas que nos acontecem. Não é o caso de hoje. Agradeço imensamente a atenção, educação e cortesia de um motorista de táxi que tem nos servido bastante: Jorge. Motorista alegre que sempre ajuda os passageiros com dificuldades de locomoção e pessoas idosas. Sei disso pelo contato e convívio quase que diário com ele. Além de motorista (quase particular) da família, ele é nosso vizinho. Obrigada mesmo!
Agradeço imensamente também a equipe de funcionários do Shopping União que são de uma atenção e auxiliam sempre com um sorriso no rosto todos os deficientes físicos que necessitam de ajuda e nisso ressalto a atitude sempre atenta dos seguranças e principalmente da equipe de bombeiros que ali trabalham. Obrigada! Ah se todos fossem assim! O mundo seria bem melhor!
Comentários
Felizmente existem pessoas bondosas que auxiliam quando estão fora de casa.
Boa semana!! Beijus,
TExto interessante e inquietante.