Solo. Um mergulho intenso na história da MPB através da ótica de Cesar Camargo Mariano

O prazer de uma boa leitura, de acompanhar um bom enredo, com narrativa que te seduza, saber de vidas que você até conheceu superficialmente através das mídias. Essa confissão consentida que o autor que se autobiografa nos faz sentir próximos dele e de sua vida. Por essas e outras que gosto de ler biografias. E essa que já aguardava ler há algum tempo me fez viajar por um Brasil que não conheci, num período em que pessoas talentosas envolvidas com as artes no geral - em especial a música - se envolviam por amor e não pelos cinco minutos de exposição e celebridade como é tão comum hoje.
Através do livro Solo: memórias, de Cesar Camargo Mariano, pude conhecer mais a fundo o que já tinha certo conhecimento ao ler a outra biografada que teve uma ligação estreita com ele, Elis Regina. Mas, ao contrário do livro Furacão Elis, de Regina Echeverria, nesse livro de Cesar, tive momentos de leitura em que tive a nítida impressão que o próprio estava sentado à minha frente tomando uma dose de Whisky em plena Baiuca, e tranquila e sem pressa, me contava sua vida de músico desde sua entrada precoce no cenário musical até os dias atuais. Vivi através da leitura, momentos importantíssimos de nosso panorama musical e pude ter o privilégio de conhecer e saber um pouquinho mais sobre figuras ilustres da noite carioca e paulistana.
Saber como surgiu a ideia e a realização com todos os seus percalços do famoso e inesquecível Falso Brilhante, ficar a par das inúmeras dificuldades e da insegurança para se realizar um sonho quase impossível de gravar um disco de Elis e Tom Jobim e depois saber o passo a passo da gravação até chegar a reta final desse trabalho que hoje é considerado um dos melhores e mais bonito do mundo, não tem preço!

Sou fã assumida de toda essa família: Cesar, Elis e Filhos que hoje continuam a disseminar o talento herdado: Pedro Mariano e Maria Rita.
Cresci ouvindo Elis e curtindo sua obra. Senti imensamente sua partida antes mesmo de eu debutar em shows. Lamento até hoje. Na década de noventa conheci por acaso seu filho Pedro, até então um desconhecido de todos e me encantei com sua bela voz e Swing no palco. Tive o privilégio de assistir ao show de Cesar acompanhado do excelente guitarrista e violonista Romero Lubambo no Sesc Vila Mariana e me apaixonei pela música instrumental que até então, conhecia bem pouco.
Enfim, poderia ficar aqui desfiando muita coisa que li, constatei, conheci, relembrei como por exemplo, a homenagem que seus filhos fizeram em pleno palco quando fez sessenta anos. Estava presente nesse show e ler essa passagem me remeteu a essa noite memorável e emocionante. Foi linda demais!!
Espero que minhas divagações acerca desse livro tenha despertado em vocês a vontade de ler. Vale e muito a pena e você termina o livro se sentindo amiga íntima desse nosso grande maestro, arranjador e músico do mais alto quilate. Cesar, obrigada por nos abrir suas portas e janelas e nos convidar a entrar! Fechei o livro e já sinto saudades. 

Comentários

Sonhos melodias disse…
Obrigada Alexandre. Uma boa leitura é sempre uma ótima companhia. Se encontrar, leia que vale muito a pena.
Bjs

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