Amor - tema inesgotável


Conheci Luis Fernando Verissimo quando caiu em minhas mãos, a coleção Plenos Pecados. Uma série que reúne sete livros diferentes com sete autores responsáveis por cada pecado capital.
Veríssimo ficou com a Gula e fez magnificamente. Intitulado O Clube dos Anjos, é uma bem humorada celebração à gula. Mas não é pra falar sobre esse livro que comecei a divagar. Esse foi só o primeiro livro que li dele e me encantei de tal forma com sua narrativa solta, bem humorada, refinada, que depois li O Analista de Bagé e a partir daí virei sua fã. Todo livro novo que sai, leio e sempre reitero minha opinião sobre sua qualidade maior que é ser um grande contador de caso.
O livro que acabei de ler e que o tempo inteiro ficava com um sorriso nos lábios e nos olhos que deslizavam pelas palavras é Amor Verissimo.
Livro de crônicas sobre o amor, ou o fim do amor, ou o encontro entre amantes, o desejo entre duas pessoas que sempre dá caldo para boas histórias.
Um desfilar de personagens divertidos mostrando-nos situações que muitas vezes nos identificamos afinal, amar é pagar micos sempre e sem vergonha. Quem ama sabe o que é isso.
Histórias de amor à primeira vista, amor platônico, amor carnal, amor impossível, amor pelos amigos, pelos pais enfim, amor de todas as formas transformam esse livro num painel de situações que leva o leitor a fechar o livro ao seu término e celebrar esse sentimento tão procurado, proclamado, sentido e desejado por todo ser humano enquanto viver.
Ressalto aqui algumas crônicas que gostei demais: 
Tudo sobre Sandrinha
"...Querem os cheiros de Sandrinha? Tenho todos catalogados na memória. Sandrinha gripada, Sandrinha distraída. Sandrinha contrariada, eufórica, rabugenta, com cólica e sem cólica. Sandrinha roendo unha ou discutindo Kubrick. Não havia nada sobre a Sandrinha que eu não soubesse. Toda essa erudição sem serventia."
Adorei essa crônica porque me identifiquei afinal, sempre que me apaixonei, fazia imensos dossiês do amado. E depois quando acabava ficava sem saber o que fazer com todo aquele material acumulado. As fotos tinha só de me desfazer, os presentes então, nem se fale. Cada item trazia por trás toda uma história. Mas se acabou, o que fazer com tudo isso não é mesmo? Um dilema que todos que amaram um dia, com certeza passaram por isso.
A primeira pessoa
"No começo era eu. Só eu. Eu, eu,eu,eu,eu,eu. Não existia nem a segunda pessoa do singular, porque eu não podia chamar Deus de "tu". Tinha de chamá-lo de "Senhor". Não existia "ele". Não existia "nós". Nem "vós. Nem "eles". Só existia eu"
Verissimo faz aqui uma engraçada definição do primeiro ser humano criado por Deus e sua vida tediosa tendo o planeta inteiro a seu dispor mas sem ter uma companhia para comentar, conversar, trocar ideias.
Corno lírico
"Todo mundo sabia que a mulher do Ferreira o enganava, mas o Ferreira continuava lhe fazendo poemas. Onze anos de casados e ele ainda cantava a mulher em versos. Versos ruins, "amor" rimando com "flor" e "paixão" com "coração", mas versos. Que lia para toda a roda do chope antes de entregar à mulher, às vezes acompanhados de uma rosa. A infiel se chamava Rosa."

Quem não conheceu um corno romântico e poético? A história é engraçada. Vale a pena ler.
Enfim, não vou me estender muito até porque não quero tirar o prazer do ineditismo de uma leitura. 
Meu único desejo é instigar e te provocar a vontade de ler mais esse livro do Luis FernandoVerissimo. 
É garantia de momentos prazerosos! Essa é minha dica de leitura de hoje.
Detalhe: Algumas dessas crônicas serviram de inspiração para uma série pela GNT. Vale a pena conhecer também.


Título: Amor Verissimo
Autor: Luis Fernando Verissimo
Editora: Objetiva
Ano: 2014
ISBN:9788539005468 

Comentários

Luma Rosa disse…
Oi, Roseli!
Ainda não li o livro, mas comecei a assistir a série de 13 episódios e estou com alguns gravados para colocar em dia! ;) A série é agradável, despretensiosa e aproveita bem as ironias do Luis Fernando Veríssimo. O livro deve ser muito bom!
Beijus,
Marina disse…
Também gosto muito dos livros do Veríssimo, li vários! Ele mantém sua fluência e bom humor tanto em contos, crônicas, quanto em romances.
O último que li foi "A Décima Segunda Noite", em que ele cria uma história divertida utilizando nomes de personagens da obra homônima de Shakespeare.
Muito legal!

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