Mergulhando numa viagem a uma Paris que não existe mais


Desde que comecei a trabalhar em biblioteca - isso lá pelos idos do ano de 1991 - que tenho anotado alguns nomes de escritores que pretendo um dia ler. Já trago anotado os nomes de Marguerite Yourcenar, Simone de Beauvoir, Albert Camus, Jane Austen e, entre tantos outros nomes de escritores nacionais e estrangeiros, encontrava-se o nome de Ernest Hemingway.
Várias e várias vezes passando pelo corredor onde se encontram depositados os livros de literatura norte-americana, meus olhos passeavam pelos livros desse autor. De alguma forma eles me chamavam a atenção mas decidi que leria lá na frente, quem sabe no dia em que me aposentar.
Bom, ainda não me aposentei mas por uma dessas coincidências do destino, um livro dele me caiu nas mãos e não tive dúvida: na volta para casa resolvi iniciar a leitura dele. E só terminei hoje pela manhã vindo ao trabalho. Foi uma experiência tão prazerosa que pensei: Por que não li isso antes? E ao mesmo tempo em que faço a pergunta já tasco logo uma resposta: Porque não me encontrava preparada para tal leitura. Tudo tem a sua hora inclusive, a leitura de determinados livros e autores.
Paris é uma festa, publicação póstuma de Hemingway, foi um verdadeiro mergulho na Paris de sua juventude. E foi também um mergulho meu nessa cidade que tanto me encanta, me chama, me seduz. É engraçado essas coisas em nossas vidas. Desde que pela primeira vez peguei nas mãos um livro de gramática francesa do meu tio e olhei para aquele monte de letrinhas que formavam uma língua diferente, me apaixonei. Nem sabia o porquê mas me apaixonei pela língua francesa, depois pela cultura francesa e esse é um sonho que espero um dia concretizar: conhecer Paris. Mas não somente Paris mas conhecer a fundo o país. Espero ter fôlego, saúde e dinheiro para um dia realizar esse meu sonho.
Mas voltando para o livro, sorvi cada capítulo dele e toda vez que terminava, era invadida por uma sensação tão boa como se tivesse vivenciado cada aventura do autor, ao seu lado. Parecia até que via, sentia aquele homem de personalidade forte conversando comigo. A seu lado, através de seus textos, pude conhecer uma Paris que já não existe mais. Conheci pessoas interessantes, bizarras, estranhas que formaram toda a história da juventude do autor. Olha, sem dúvida despertou em mim uma vontade louca de ler os demais livros de Hemingway.
Um detalhe que me chamou a atenção: o autor descreve sua paixão pela escrita, não pela publicação propriamente dita. Ele persegue a lapidação de um bom texto. Ele almeja se dedicar 24h do seu dia a esse ofício que ele considera mais que sagrado. Os demais autores que ele cita no decorrer do livro também tem mais ou menos esse pensamento. Todos conviviam naquela Paris que os recebia de braços abertos de forma amigável, na maior camaradagem. Um ajudando o outro. Tão diferente de hoje onde as pessoas desejam mais é desfilar nas vitrines literárias, cada um comendo o fígado do outro, um esbanjar de egos inflados que chega a dar azia a quem realmente leva o ofício de escrever a sério. É claro que não estou aqui generalizando mas, que o quadro atual está mais para "parecer" do que "ser", não resta dúvida.
Agora, o que torna o livro mais interessante, é saber ao término do livro que uma pessoa que se dizia tão pobre e feliz vivendo naquela Paris possa, ao término da escrita desse livro dar cabo de sua vida. É de se espantar não é mesmo? Veja bem, não estou aqui tecendo julgamentos levianos sobre o ato extremo dele, isso só ele mesmo sabia o porque. O que deixo aqui é meu espanto diante de tanta beleza seguida do ponto final que Hemingway deu a si próprio.
Ah! Já ia me esquecendo. Ontem, olhando as estantes daqui dei de cara com um outro livro que tem tudo a ver com Paris é uma festa.
É o livro Paris não tem fim, do escritor espanhol Enrique Vila-Matas. Já comecei a ler esse também. Mas falarei sobre ele numa outra ocasião.
Esta é a dica de leitura que deixo hoje para vocês. Se já leu, é uma ótima pedida para reler. Se ainda não leu, está esperando o que hein? Corre logo atrás do seu exemplar em uma biblioteca próxima de você ou compre para si. Vale a pena!

Comentários

JOTA ENE ✔ disse…
Paris, meu proximo destino de férias !
Sonhos melodias disse…
Jota, aproveite essas férias por mim! Um dia ainda apareço por lá!

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