Uma viagem estranhumana através dos livros de Stella Maris Rezende

Como cenário, a cidade do Rio de Janeiro, uma cidadezinha do interior de Minas, pinceladas de Brasília e Torino (Itália).
Junte a esses cenários, o período da ditadura militar no Brasil (1965) e três irmãs gêmeas que carregam o fardo de uma maldição que persegue a família por gerações. Ah! E antes que me esqueça, uma personagem pra lá de especial que tem uma participação importante na trama: a cantora italiana Rita Pavone.
Numa realidade estranhumana onde relógios, telhados, chuva, xícaras e tantos objetos inanimados acompanham a saga das irmãs, a história só poderia ser escrita de uma forma criativa. poética e cativante.
A autora, Stella Maris Rezende dá conta dessa tarefa de forma brilhante apresentando-nos um livro que prende o leitor do começo ao fim do último capítulo.
Stella Maris Rezende, mineira de Dores de Indaiá é Mestre em Literatura Brasileira além de desenhista, cantora, escritora e atriz.
Recebeu os maiores prêmios entre eles: João-de-Barro (1986, 2001 e 2008), Bienal Nestlé (1988), Jabuti (2012) na categoria Melhor Livro Juvenil e Livro do Ano de Ficção. 
Eu, particularmente, iniciei a leitura pelo último livro mas acredito que não tenha perdido nada pois são histórias diferenciadas.
Nos três livros, as personagens são da mesma cidade da autora ou seja, da cidade mineira de Dores de Indaiá. Só isso já dá um toque especial para todas.
Desde que me propus a ler livros infatojuvenis para conhecer melhor esse universo e também para me instrumentalizar a escrever resenhas para o site infantil Moleca-Meleca e Moleque Chiclete, fui adentrando um universo muito rico e conhecendo as diversas facetas narrativas de muitos dos autores.
Me encantei com a narrativa de Stella Maris Rezende! É sem dúvida, um dos melhores livros juvenis que li e olha que já li muitos nesses anos todos. Agora, correr pra comprar os outros dessa trilogia Livro estranhumano e conhecer as outras personagens e suas histórias.
Abaixo, alguns trechos do livro pra vocês conhecerem um pouco da narrativa poética de Stella Maris Rezende:
" A grande mesa de fórmica, na qual todos os professores pousavam livros e pastas, agigantava-se diante das carteiras dos alunos da sala de aula das gêmeas. Era uma mesa leve, embora fosse exageradamente grande. Gostava de todos os alunos daquela sala, mas se detinha nas gêmeas, contemplando-as com afinco."

"A poeira atrás do sofá se interessava pela vida das três irmãs, naquela casa habitada pelo destino do dissabor, da tristeza, do assassinato, da vingança, do fracasso, da anunciada desdita."


"A luz gostou de ver as meninas entrando no ônibus. Se pudesse, iria com elas. De certa forma, foi. De um modo difícil de explicar, não as deixou nunca mais. Uma luz estranhumana. Com toda a certeza, poderia ser apagada, esquecida para sempre. Mas enquanto vivia, resplendia. No entanto, não era só ela que se interessava pelas três irmãs."

Sinopse: 

'As gêmeas da família' conta a história das trigêmeas idênticas Verdança, Azulfé e Rosade. Apenas a voz e a expressão do rosto as distinguem, além das cores das roupas que, por associação, ajudaram a formar os apelidos de cada uma. Por promessa da mãe, até completarem 18 anos de idade, a festiva Maria da Esperança precisa se vestir de verde, a serena Maria da Fé só pode usar azul, e a séria Maria da Caridade tem de se contentar com um figurino exclusivamente cor-de-rosa. Adolescentes dos anos 1960 no interior de Minas Gerais, as três garotas compartilham a frustração de não arranjar namorado e a paixão pela cantora pop italiana Rita Pavone - além de uma suposta maldição que paira há gerações sobre todas as mulheres gêmeas da família. Em As gêmeas da família Stella Maris conta o mirabolante plano das meninas de viajar às escondidas ao Rio de Janeiro para conhecer Rita Pavone em pessoa a partir de originais pontos de vista; objetos inanimados, animais de estimação e até elementos da natureza se alternam no papel de narradores testemunhais das desventuras de Verdança, Azulfé e Rosade. A viagem conduz o trio por uma trajetória de descobertas (de si mesmas, da relação entre elas, da afetividade com a mãe) e de amadurecimento pessoal, tendo como pano de fundo um Brasil recém-mergulhado na ditadura militar.

As Gêmeas da Família fecha a trilogia iniciada com A Mocinha do Mercado 
Central e A Sobrinha do  poeta. 


Comentários

Luma Rosa disse…
Oi, Roseli!
Não conheço a autora, mas ela é bem versátil e cheia de talentos, heim? Me deu a impressão de que ela baseou o livro em fatos reais (rs*). A literatura infantil e infanto-juvenil está cada vez mais rica!
Ontem no twitter a Pandora fez um proposta de blogagem coletiva sobre os livros infantis que marcaram a nossa infância. Se rolar, te aviso!
Boa semana!!
Beijus,
Sonhos melodias disse…
Luma, com certeza seus livros tem muito dela a começar, pela cidade em que nasceu e onde se passa todas as histórias. Me avisa se rolar essa blogagem. Vai ser legal!!
Uma ótima semana Bjs

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