Minha música, meu momento - Blogagem coletiva

Noite alta lua brilhante. Ao som de uma música etérea que não sei quem canta, vago sem rumo pelas ruas de São Paulo. As calçadas úmidas são testemunhas de uma chuva que veio para aliviar o calor sufocante desse mês de verão. Aspiro esse ar que envolve meus pulmões já tão acostumados ao monóxido de carbono dos carros.
Sigo num ritmo calmo, sem pressa de chegar a lugar nenhum. Tenho a mente livre de pensamentos – pelo menos aqueles que costumam nos acompanhar diariamente – apenas absorvo o que a cidade tem a me oferecer.
Capto sons, imagens, odores que geralmente passam despercebidos durante o dia. E isso me delicia. Um novo mundo, uma nova cidade se descortina para mim. Pessoas solitárias como eu dividem comigo o espaço das ruas nessa hora já tão avançada e uma aura de mistério e fantasia baixa sobre nós.
Isso me remete à lembrança daquele musical que assisti há um tempo atrás...como é mesmo o nome dele? Ah! Já me lembrei: Noturno, de Oswaldo Montenegro. Grande sucesso aqui em Sampa. Assisti pela primeira vez acho que foi em 1997, quando ainda fazia faculdade e fui com uns amigos. Amei! As criaturas da noite...”eu tenho medo de ver, as criaturas da noite”...Lembro que, naquela noite, junto com tantos outros jovens que ali estavam saímos anestesiados pelas músicas e pelo talento daqueles jovens atores.
A noite realmente é um outro mundo. Os personagens que por ela desfilam são mágicos. As pessoas se transformam quando saem à noite. Montam seus personagens e, por umas horas, esquecem seus problemas, suas dores, suas mágoas e encarnam aqueles que gostariam de ser na realidade. E juntos de suas tribos, brincam, cantam, paqueram, namoram e assim, mais uma noite passa levando tudo o que não presta e caindo como uma chuva especial sobre a cidade que não para. São Paulo, New York, Tóquio, Londres, todas essas grandes metrópoles são idênticas em um ponto: a eterna busca da identidade. Todos que ali vivem buscam de forma frenética uma identidade que muitas vezes nunca é alcançada, ou conquistada ou descoberta. Enquanto isso não acontece, pessoas buscam, observam, se experimentam. E não digo isso com o sentido de crítica. Não mesmo. Acho que aí está a magia da vida. Tudo é uma constante mutação. Nada na vida é estático. E assim, continuo meu passeio pelas ruas molhadas embalada por esses pensamentos filosóficos que me fazem companhia mostrando a verdadeira identidade da vida e do ser humano.
Comentários
Emília Pinto
Bjs
Emília Pinto
Gosto da sua escrita tão verdadeira, que nos leva quase pela mão a fazer companhia nas suas saidas pela noite.Também é da noite ,que eu gosto é na noite que me revejo...Musicas lindas marcaram a era jovem ,recordações que continuam a alimentar o sonho.
Parabéns.e o nosso blog espera por si.
Até breve
Herminia
comecardenovopt.blogspot.com
Mas, sobre a noite...ela realmente é magica...dá medo...por que nos ouvimos
bjs
Obrigada pela visita e fico feliz que tenha gostado de meu texto. Volte sempre viu?
Oi Neli, obrigada pela visita. O musical é mesmo maravilhoso! Se tiver oportunidade vá assistir agora em julho.
Bjs