Quando desanda a Educação

Hoje após muito tempo me estressei e gastei minhas energias aguentando pessoas sem nenhum verniz social: vulgo "sem educação".
Semana de grande movimentação aqui na biblioteca. Já comentei com vários colegas de profissão que gosto demais de ver a biblioteca lotada de alunos. Movimentação. Adoro. 
...Mas se tem uma coisa que tenho tolerância zero, essa coisa tem dois nomes: falta de educação e falta de respeito. Que no fundo, vamos combinar, acaba sendo a mesma coisa. Quem tem boa educação de berço jamais faltará com o respeito a quem quer que seja. Concorda?
Hoje, vejo com olhos um tanto entristecido e pessimista o rumo que segue as novas gerações. Não quero aqui cair na generalização mas infelizmente, a grande maioria não recebe a tal da "boa educação" em casa. Muito menos têm o exemplo dos pais. Aliás, pelo que acompanho de perto, a maioria desses jovens mal cruzam com eles em seu dia-a-dia. É claro que não tendo uma convivência harmônica no seio familiar, sendo privados de diálogos com os pais, fica difícil julgar e condená-los.
Trabalho na área educacional desde 1991 e de lá pra cá tenho acompanhado as mudanças que tem ocorrido. Na família e na escola.
Infelizmente as escolas estão perdendo essa batalha pois hoje não contam com a cumplicidade e companheirismo de outrora quando ambas: família e escola falavam a mesma linguagem.
Onde todos desejavam apenas acompanhar e se desdobrar em formar cidadãos preparados para a vida adulta.
Quando digo isso em alguma roda de conversa logo sou rebatida com a seguinte frase:
-Ah! Mas antigamente a mulher ficava em casa e se dedicava a educação dos filhos. Hoje todo mundo trabalha e não tem tempo para isso.
Desculpa gente mas isso não me convence. Conheço pessoas que trabalham o dia inteiro e ao chegar em casa, não medem esforços para dar atenção aos filhos, fazem questão de sentarem-se juntos à mesa para as refeições e demonstram interesse genuíno em saber sobre o dia-a-dia das crianças. Isso é fundamental para a formação de qualquer pessoa! A convivência saudável, o diálogo que a cada dia que passa está se extinguindo dos seios familiares!
Hoje está se perdendo essa característica tão importante. Cada um vive em seu próprio casulo. Cada um tem seu quarto, sua TV, seu computador e assim, fazem suas refeições em horários diferentes mal se cruzando pelos corredores da casa.
-"Ah! Mas eu pago o melhor colégio para meus filhos!"
Tá legal mas...E daí? Acha que só isso basta? Dar o melhor colégio, as melhores roupas, mesada gorda e pronto? Assim já está cumprindo com seu papel de pai e mãe?
Já me jogaram muito na cara o fato de não ter filhos, logo não saber o que falo. Engano meu caro! Convivo muito mais tempo com seus filhos do que vocês, pais que vivem ausentes preocupados com o próprio umbigo. Conheço suas fraquezas, seus medos, inseguranças, paixões e acima de tudo, encaro suas carências diariamente. E olha, confesso que me preocupo em ver estampado nesses olhinhos tão jovens o desencanto pela vida e tudo que se relaciona a ela.
As escolas encontram-se engessadas recebendo tanta interferência dos pais no comando da formação dos seus filhos. Tem-se regras que os pais vivem querendo e muitos exigem mudar para não desagradar seus pimpolhos que não sabem receber um não. "Causa trauma sabe!"
Por outro lado, depois que a educação se transformou numa empresa altamente rentável, não é de bom tom desagradar ao cliente - nesse caso os pais - e correr o risco de perder para a concorrência.
E assim, a parte pedagógica está cada vez mais comprometida e vemos anualmente centenas de jovens se formando sem condições alguma de enfrentar o mercado de trabalho. Vão para os bancos universitários levando na bagagens quilos de imaturidade, mimos excessivos, instabilidade emocional. Resultado?
Jovens adultos sem preparo algum para a vida!
Poderia desenvolver muitas coisas mais por aqui mas tornaria esse texto mais cansativo do que já deve estar. Confesso que me preocupo e muito com toda essa situação e minha confissão vai ainda mais longe: estou cansada dessa área que tanto amei e abracei para mim. Estou decepcionada e desencantada com a Educação em nosso país. Futuramente talvez engrosse a fila dos que desistiram dela. E já pensaram que um dia poderemos acordar e não termos mais quem se preocupe com ela? Não estamos muito longe.

Comentários

Sonia H disse…
Roseli,
Faço minhas essas tuas palavras. Muitas vezes é assim que me sinto.
Vejo um horizonte sombrio na educação brasileira.
Eu sinto na pele tudo o que disse....
Beijos,
Otavia disse…
Muito pontual sua colocação. Chega a ser triste... aqueles olhos desencantados com a vida.
Não desista Rose! Pessoas humanas e conscientes como você são raras nos dias atuais.
Continue acreditando, não desista!

Que Deus te abençoe com sabedoria e amor para que possa também repassá-los a tantos e tantos jovens desencantados com a vida!
Luma Rosa disse…
Oi, Roseli!
Eu mal cruzava com minha mãe que dava aulas em 3 turnos, fui criada sem supervisão e tinha um pai falecido e que aos olhos das amigas isso estranho - afinal, tudo que queriam fazer, tinham que pedir para o pai - por que a mãe sempre dizia: "Pergunte para o seu pai". No passado, a educação era empurrada, os pais não dialogavam e as famílias numerosas, os filhos muitas vezes deixados de lado, pois a atenção da mãe era dedicada ao "chefe", o senhor da casa. Conheço pessoas que nunca receberam um abraço do pai.
Se existem culpados, talvez a geração de pais (paz & amor) que não chamavam a atenção do filho pois tudo "traumatizava". Os filhos de hoje, são produtos dessa geração "sem traumas". Sofrer faz bem, faz crescer!
Beijus

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