Na arena da vida, conheci a delicadeza dos hipopótamos
A literatura tem vários objetivos: entreter, informar, emocionar, incomodar, alertar, fazer pensar.
Alguns escritores escolhem um ou dois caminhos e traça sua trajetória literária. Outros (muitos), optam pelo caminho mais fácil - tanto de reconhecimento quanto de vendagem - e abraçam a emoção fácil e vêm seus livros nas gôndolas saírem feito mercadoria em fim de feira: vendendo à rodo como dizia minha avó. Nada contra, acredito que o escritor deva mesmo ser fiel ao que deseja e seguir em frente conquistando o que sonha e sendo feliz além é claro, de fazer seu leitor feliz. Tenho comigo que exista leitores para todos os estilos literários. E existe uma pequena leva de autores que labutam de forma intensa na busca de lapidar seus textos de uma forma toda pessoal não se preocupando em agradar às massas mas sim, aos leitores que como ele, procura algo mais que frases feitas.
É de um desses escritores que quero falar hoje.
O conheci através do curso de criação literária que fiz em 2010. Depois passei a acompanhar seu blog e pouco a pouco conhecer e admirar sua forma de encarar o mundo e expressar-se. Identificação.
Mês passado, dia 22, tive o prazer de ir ao lançamento de seu romance A delicadeza dos hipopótamos. Quando soube do lançamento, já me deslumbrei com o título que me instigou a curiosidade em saber que delicadeza era essa. Lá mesmo, tratei de passar rapidamente os olhos pelo texto. Gosto de manusear livros e a eterna bibliotecária que me habita começou a agir silenciosamente analisando o livro num todo. Capa, diagramação, papel, fonte...fui percorrendo as frases iniciais e já dentro da condução que me levaria para casa, iniciei de fato a leitura.
Mergulhei de cabeça!
Daniel Lopes desenvolve uma trama das mais ricas que li nos últimos tempos. E olha que leio e muito! Como definir seu livro? Fogem-me as palavras para descrever tão bela, instigante, impactante história. Personagens riquíssimos, conflituosos, humanos.
Ao ler cada capítulo, me vi muitas vezes encurralada pelo que parecia ser real e o que habitava o interior de cada personagem, que fazia parte daquele pedaço de chão chamado Tamar e que fica próximo a lugar algum. Reconheci muitas passagens que habitam meu eu: bonito, feio, medonho, asqueroso e mais uma vez repito: humano! Ao término do último capítulo me peguei triste ao ter de deixar Tamar, seus hipopótamos. Fechei o livro e lá dentro, ficou um pedaço de mim.
Daniel Lopes tem dois livros anteriores: a coletânea de contos O pianista boxeador, título de seu blog e seu primeiro romance A fruta que comprei pela livraria Cultura e estou no aguardo para receber. Não vejo a hora!
Para quem desejar conhecer um pouco a linguagem do autor, conheça seu blog Pianista Boxeador
Se você é como eu, um(a) leitor(a) que gosta do desafio, da linguagem diferenciada, de histórias instigantes, da emoção refinada mas densa, eu indico A delicadeza dos hipopótamos.
Sinopse:
Poucas obras merecem ocupar um lugar na linha tênue que une os dois pontos de uma antítese, «A Delicadeza dos hipopótamos», sem sombra de dúvidas é uma delas. O lugar, termo que ao mesmo tempo pode ser palpável e subjetivo, dentro da obra é a mistura da místico-mítica aldeia de Tamar, o bar de Mariano e o interior das personagens, principalmente do protagonista Léo. Jovem que ao regressar para seu espaço físico natal desenterra acontecimentos de dentro do âmbito das sensações e sentimentos, estes como já é sabido, acontecem sempre no agora. O foco narrativo desenvolvido por Daniel Lopes e conduzido por seu narrador-personagem é uma belíssima colcha de retalhos que abriga em si presente e passado sem perder o ponto na costura.
Título: A delicadeza dos hipopótamos
Autor: Daniel Lopes
Editora: Terracota
ISBN: 9788583800189
Ano: 2014
Ano: 2014
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